PAULO CARNEIRO (2012) Viver cada instante como se fosse o primeiro...
terça-feira, 19 de março de 2013
terça-feira, 12 de março de 2013
P E
S A D
E L O
"A voz aflita grita de dor diante perigo iminente. Chegando rapidamente às
cordas do laringe, restringe-se ao sufoco, e um grito rouco, quase inaudível,
reverbera-se na consciência, aumentando o desespero de quem anseia por
socorro" ( Paulo Carneiro ).
Respiração ofegante embala a noite de sono de quem se vê
prostrado ao abandono sem nada poder fazer, sequer, poder argumentar, fundamentar-se no exercício de uma vida sem
percalços, sem embaraços, sem traição. Levantar-se, abraçar, correr e impedir
que o mal se desvele, antes que seja muito tarde, talvez… Onde andam os meus
pés que não reagem ? E as mãos ? Por que não mais se movem ? Enquanto isso, o
coração aflito bate e rebate numa revolução intensa, mantendo acesa a chama tênue
da vida… Conversas a esmo... Vamos lá… talvez em busca de alguém que possa
identificar o moribundo...mas, não há ninguém além dele, logo, ele é o próprio
moribundo indigente, arquejando e tentando, digladiando-se, movendo-se
impacientemente, descrente, forçado a
viver aprisionado em si mesmo, no seu corpo reside a sua própria prisão. Que
fazer ?
Desincumbir-se de algo que o envolva
como seu único e principal ator? Idéias vãs, sentimentos borbulhando, lampejos
de liberdade, inércia existencial, força centrípeta total, redescoberta distante
e à deriva da normalidade, atestado de óbito em curso, tudo incerto, coitado…
quem será o dono do defunto ?...
Mas será que morri mesmo ? Será que sou eu ?... Não vejo
ninguém por aqui ! Será que me enterraram vivo ? Às vezes acontece ! Ah !
Quanto preciso descobrir sobre este castigo que a mim impuseram, sequer,
previamente avisaram-me !.... Vou tentar gritar , gritar e gritarrrrrr... sair
desse abandono insano e moribundo...enquanto eu puder e a voz não calar... Não! Não devo desistir de sonhar sob hipótese
alguma, mesmo nas circunstâncias incompreensíveis em que me encontro... Por que
não consigo comunicar-me com o mundo exterior? Parece até que ninguém me
percebe ! Ou ainda… que todos, de repente, viraram-me às costas! Então,…paro, aflito, reflito, sou apenas um alvo restrito as conjeturas do instante,...
não posso afastar-me do mais importante!.. Sobreviver! Este é o lema principal.
Esta é a minha "nau capitânea"...Eis-me a verdadeira razão de minha existência !
Sobrevivência !
Sinto lentamente a vida repassando... minha cabeça absorta,
curva-se um pouco ao passado. Burilam-se as lembranças… legado de um tempo quase
esquecido, pensamentos fluindo numa velocidade galopante… impressionante !... Ora
derramando confissões sobre os infortúnios e pela busca do prazer, e, em momentos pontuais,
vergalhando-se como ondas que batem e rebatem sobre as pedras das paredes de
minha prisão, proporcionando-me cada vez mais, insegurança ! Como se fosse um
metal rígido sucumbindo diante de altas temperaturas, liquefazendo-se, levando-me
aos mais descabidos murmúrios de esperança para então refazer-me como um bloco de cera.
Em frações de segundos, revejo experiências vividas, desde
as fases mais tenras de criança, até as mais recentes. Lembranças rebuscadas
através da mente voltada ao passado. Antes, tudo era muito belo, impregnado de
novidades, hoje o mais belo que existe está a mercê de um fio de esperança,
corroendo-se paulatinamente, desfazendo-se em cada tentativa inserida, desfiando-se
em resquícios de perseverança... Vida aprisionada no absurdo das
incertezas!...deflorando-se ao sabor dos anos, já que não me traz nenhuma
novidade. Vejamos então: Já rezei na Cartilha da Procriação e do Pecado
Original, também no antigo costume de se escrever um Livro ou plantar um vegetal qualquer, para tornar-me
completo como forma de se ratificar o obsoletismo dos costumesa masculinidade.
Nada disso trouxe à tona o ser encantado dos contos de fadas. Os super-heróis dos
gibis vieram-me à mente na época das
grandes produções de Hollywood. Quanto dogma ! Quanto engano ! Quanto folclore
! Quanto abandono… Desde que reste alguma coisa no final… Estamos na era da
Cibernética, Internet, dos mísseis teleguiados, dos sete bilhões de pessoas que
as vozes do mundo acabaram recentemente de anunciar. Mesmo assim, quanto
preciso de mim !....Tenho compromissos muito fortes com a felicidade, com a
liberdade de sonhar, com a redescoberta de um mundo cada vez melhor,
essencialmente, humanitário e harmonizado com os valores que promovam um jeito
gostoso de se viver. Na hora "H" joga-se tudo pro ar e vamos viver...
O tempo vai passando...Socoooorro !!! Não consigo vislumbrar com nitidez aonde
estou nem como aqui cheguei. Socoooorro!!!...Me acudam...estou aqui !!!
...Alguém me escuta ??? ...Silêncio sepulcral ! Doses à contagotas de silêncio
!!!...Só o silêncio tentando dizer-me alguma coisa imperceptível à luz de minha
compreensão. Aprendi que nele, manifesta-se uma forma de expressão bastante
eficiente em resposta a determinados acontecimentos e/ou em ocasiões. Será que
esta seria a melhor estratégia a ser utilizada em prol do resgate de minha vida
de relação? Será que não seria essa a forma ideal de inserir-me novamente ao
convívio natural ?
Toda minha fisiologia apontava na direção contrária ao que
se preconizara sobre o tema em apreço. O instinto pela sobrevivência
prevalecera e não esquecera de lembrar-me da necessidade primacial de restaurar
minha identidade humana, livre de quaisquer impedimentos para em seguida,
passar a ocupar-me com outros aspectos , inclusive os de cunho, essencialmente,
filosófico. Por outro lado , achei que o silêncio, neste caso e em primeira
mão, iria entregar-me à sorte e ao abandono. A omissão prática do silêncio
conduzir-me-ia à derrocada total, caso nenhuma reação enérgica fosse posta em
ação... Preciso reagir, preciso dizer que existo! Preciso mostrar que estou
vivo!
Surgiu-me a lembrança de um acontecimento inusitado durante
o tempo de criança : Eu e os meus três irmãos, recebemos de um vizinho distante,
um cachorrinho recém egrégio do período de amamentação. Como não tínhamos
nenhum e morávamos numa região cercada por bastante árvores e espaço de sobra,
o presente fora bem aceito pela família, que objetivava utilizá-lo também como
guardião de nossa pequena criação de animais domésticos. Passamos por alguns
pequenos conflitos de rotina no tocante a escolha de um nome para o animal,
além da maneira correta de alimentá-lo e, além de adotarmos a estratégia que
achamos mais correta para evitar que o pequenino animal promovesse um verdadeiro
alarde de grunhidos, principalmente, durante às noites. Dessa forma, não incomodaria,
a todos de nossa casa, mais a vizinhança próxima. Suportamos algumas noites de
verdadeiros castigos, alternando a frequência entre o dormir e o acordar,
acordar e levantar para alimentar inutilmente o pequenino animal, pois,
parecia-nos que não aceitava muito a ideia de dormir sozinho. Ainda assim ,
estávamos convictos da presença de nosso herói que em alguns momentos nos
pregava determinadas peças, difíceis de serem esquecidas, como :
Esconder sapatos, morder cadarços, dormir na nossa cama, insistir em nos
acompanhar à escola, enraivecer-se com os nossos amigos. Assim, passamos dois
meses com a nossa nova cria. Quando num dado dia ... sentimos sua falta. De
repente, ele sumiu !!!... Caçada geral : Promovemos uma verdadeira caçada ao
animal. Lamentavelmente, não o encontramos. E o “Veludo” passou a ocupar um
espaço especial em nossas mentes , tendo nos deixado uma série de lembranças
indeléveis…
Passados alguns dias, tínhamos o hábito, aos domingos, de
almoçarmos juntos. Toda a família a rir, cantarolar e conversar sobre o dia a
dia durante as semanas que se passaram e os projetos a serem desenvolvidos e
acompanhados nos dias subseqüentes. Veio à tona o caso “Veludo” nome do
cachorrinho, atribuído pelo meu pai. No exato momento em que minha irmã
lacrimejava pela saudade do animalzinho, ouvimos um latido infantil de cachorro
no portão central de nossa casa. Dada a insistência dos latidos , fomos lá
juntos verificar. Não conseguimos conter a emoção...era o “Veludo”com as patas
dianteiras estendidas por debaixo do portão, orelhas em pé em sinal de
apreensão, língua estirada denotando cansaço e a cauda abanando de satisfação.
Nos esbaldamos em alegrias naquele instante juntamente com ele que percorreu
algumas vezes quase todos os recantos da casa , sob o coro vocal das galinhas
que não paravam de cacarejar, como se estivessem dando boas vindas ao seu
retorno. A partir desse acontecimento, empreendemos uma maior vigilância sobre
o fujão ou sequestrado que cresceu e viveu com a família durante 12 anos, tendo
sido enterrado, após sua morte, por nós, em nossa propriedade após um convívio
maravilhoso impregnado de muitas lembranças.
Baseado nessas lembranças, veio a seguinte indagação : será
que posso fugir do local onde estou assim como o Veludo o fez ? Não consigo
enxergar muito bem , não tenho certeza
de nada aqui...Ah ! Estou preso, não numa solitária de presídio porque no
mínimo eu tocaria suas paredes… ou ouviria vozes nos corredores, talvez… um
raio de luz poderia, no mínimo, dar-me uma melhor impressão desse lugar… Será
que perdi parcialmente a visão ?... Também acho que não ! … Existiriam pessoas
ao meu redor para que eu pudesse conversar… Devo estar louco ou sofrendo de
algum distúrbio mental passageiro, não sei, talvez...de imediato sinto a
convicção que o estado em que me encontro foge aos padrões de normalidade. -- Prefiro imaginar-me
assim, atravessando uma certa turbulência comportamental, que por não ser
freqüente, acho ,simplesmente, que estou louco , embora não seja louco. Qual
seria então a melhor explicação para essa tal turbulência ? É que estou me
sentindo preso dentro de mim mesmo, sou réu e vítima, sou caça e caçador, sou o
carrasco e o condenado ou seja, o meu eu conflita-se comigo mesmo. Qual seria
então a grande solução ? Pedir ajuda externa através de pessoas especializadas
no assunto, que possam contribuir com o seu conhecimento e experiências sobre
esse distúrbio da mente, de outra forma , acredito que a eliminação desse
conflito promoveria a integração dos eu,( O homem é um ser plural) e
consequentemente , a individualização do ser. Com a integração dos eus, o ser
perderia suas características iniciais e passaria a ser um outro ser. Portanto,
aquele ser inicial deixaria de existir .
-- Infelizmente não tenho como compreender ao certo, o estado
em que me encontro. Então, outra possibilidade veio à tona. Será que estou restrito
a um leito qualquer de Hospital, talvez, em estado de coma reversível ? Será
que sofri, instantaneamente, algum trauma ou um acidente vascular cerebral para
caracterizar-me dentro desse quadro ? Perda total da consciência não houve,
razão pela qual, continuo pensando e buscando uma saída eficaz para a situação
paradoxal em que me vejo. Não vou desistir de nada, mesmo que não consiga
compreender de imediato o que anda se passando pela minha cabeça. A realidade me aflige, mas não me impede de
lutar. Será que estou profundamente mergulhado em algum sonho ? Não sei ao certo !. Não sei se preciso agora,
nesse instante, sonhar noutros aspectos
de vida, mas, tenho a certeza que estou sonhando e muito, no sentido de dirimir
o difícil momento que me encontro dolorosamente atravessando.
▬
Sinto a respiração bastante ofegante, com a sensação , às vezes, de falta de ar
e de uma certa opressão torácica. Abro os olhos…vejo agora, o meu grande amor
acenando, partindo e cada vez mais se distanciando... Meu Deus é o fim ! Não
posso correr, não consigo, sequer , levantar-me . Só me resta
gritar...gritar...gritar...Não, não vá meu amor , não me deixes ▬ Não vá...Não! Não! Não !!!
"De repente, as luzes se acendem", subitamente desperto com bastante
ansiedade e vejo o meu amor, ao meu lado, dizendo-me suavemente...
▬ Não foi nada querido, você estava apenas
sonhando!
Ainda um tanto quanto atônito, fui compassivamente recuperando a consciência
normal e, em seguida, disse-lhe com muito amor, que teria sido vítima de um
“Pesadelo”, que após uma verdadeira excursão, buscando uma explicação plausível
para o que se passara comigo, e o local onde eu me encontrara, presenciei ao
final, sua imagem se afastando de mim e acenando um adeus que parecera-me
definitivo. O nosso Deus sentindo minha agonia, fez com que você percebesse o
quanto eu sofria, o que eu sentia em
toda aquela fantasia, uma dor muito forte, até que a voz e a luz de sua
presença, me fez reviver...Não me deixes mais...
…N Ã O M
E D E I X E S M A I S…
Apesar do pesadelo sentido,
Sem saber nada sobre tudo aquilo,
Divaguei pelo mundo da Ciência,
Cheguei ao fundo das lembranças revividas,
Pousei de forma superficial na filosofia e a poesia,
Realidades outras imaginei construindo uma saída,
Comparações e hipóteses me embalaram sem tréguas,
Obstinação por um retorno ao senso normal de vida,
Tudo desigual, nada de normal, tudo era fatal,
Respirar quase que não podia, sono profundo me afligia,
Apatia, sufoco descontentamento me perseguiam,
Gritei incessantemente em busca de
abrigo,
Instante absorto, tudo parecia morto, impreciso,
Coitado de mim, não mereceria terminar assim,
As cores, as luzes e os sons, sem sentido,
Senti-me tolhido, preso ao abandono, cão sem dono,
Morto ou vivo, que se passa comigo afinal ?
Nenhuma explicação possível, meu peito pesado sofria,
Até o ar de mim se escondia, a mente padecia, sem dor,
Lembro que de repente, o mundo
perdeu a cor,
Fui alvo talvez, de uma peripécia mental,
Toda a angústia sofrida se transformou,
O coração embruteceu. Meu Deus ! Quem sou eu ?
Busquei apoio em tudo, até no meu passado desfilei,
Mas só pude recuperar-me, ao ver-te ao meu lado,
Fui lentamente retornando a minha vida normal,
Embalsamado de felicidade naquele momento,
Hoje, com o discernimento de tua presença posso crer,
Nem em pesadelos irei esquecer,
O quanto és importante em minha vida,
Flor é sinônimo de beleza, delicadeza, sensação,
Perfume, prazer, amor, satisfação e você,
Quando um dia qualquer, nosso Deus me chamar,
Levarei você comigo no coração,
Chorando de alegria, com frêmites de saudades,
Convicto de estar contigo,
Até na eternidade
R
E F L
E X Õ
E S
Não haverá razão
para viver, nem termo para as nossas misérias, se for mister temer tudo quanto sejatemível.
Neste ponto, põe em ação a tua prudência; mercê da animosidade de espírito,
repele inclusive o temor que te acomete de cara descoberta. Pelo menos, combate
uma fraqueza com outra: tempera o receio com a esperança. Por certo que possa
ser qualquer um dos riscos que tememos, é ainda mais certo que os nossos
temores se apaziguam, quando as nossas esperanças nos enganam. Estabelece
equilíbrio, pois, entre a esperança e o temor; sempre que houver completa
incerteza, inclina a balança em teu favor: crê no que te agrada. Mesmo que o
temor reuna maior número de sufrágios, inclina-a sempre para o lado da
esperança; deixa de afligir o coração, e figura-te, sem cessar, que a maior
parte dos mortais, sem ser afetada, sem se ver seriamente ameaçada por mal algum,
vive em permanente e confusa agitação. É que nenhum conserva o governo de si
mesmo: deixa-se levar pelos impulsos, e não mantém o seu temor dentro de
limites razoáveis. Nenhum diz: - Autoridade vã, espírito vão: ou inventou, ou
lho contaram. Flutuamos ao mínimo sopro. De circunstâncias duvidosas, fazemos
certezas que nos aterrorizam. Como a justa medida não é do nosso feitio,
instantaneamente uma inquietude se converte em medo ( Lucius Sêneca )
"Buscar pela felicidade a vida toda é uma virtude. Pensar em atingi-la
plenamente é um sonho. A realidade desenhada pela mente humana, consiste em
permitir-se viver imiscuído dentro dessa luta insana entre o buscar e o
conseguir" ( Paulo Carneiro )
Buscar caminhos dentro de si,
Redefinir olhares, buscar passagens,
Paisagens, imagens, em todos os planos,
Refletir, corrigir e seguir numa direção,
Sofrer a cura de uma paixão desenfreada,
Lançar-se de peito aberto na estrada
Morrer e renascer a cada dia, tal qual, a Fênix...
Reviver do nada em cada ponto de chegada.
Voltar e recomeçar. Chegar é ponto de partida,
Chegar e não mais sonhar é ponto final,
Final antecipado, angustiante e suicida,
Desprezar o que há de mais belo: ... A vida!
O amor, grande personagem principal na cura do mal,
Contrariando o contrário da felicidade,
Luzes demais ou de menos atrapalham a visão com a claridade,
Parar às vezes refaz , mesmo na escuridão,
Abrir novamente as portas do coração,
Sonhar novas realidades, materializá-las,
Redimensionar o pensamento explorando novas formas do pensar,
Despreocupar-se com o tempo poderá ajudar ao discernimento,
Simplicidade na forma de conduzir-se é necessário,
Extrair lição do lodo escorregadio para não quedar-se novamente,
Evitar a perda do equilíbrio seguramente,
Escolher caminhos menos desgastantes,
Admitir que a felicidade ocorre em instantes,
Sensação do néctar das flores pelo colibri,
Admitir o prazer pela vida toda é uma virtude,
Achar de consegui-lo, totalmente, é uma tolice,
Nada é perfeito quando se deseja sempre mais,
O amor é perfeito, amar é desejar assim,
Aproveitar as flores do jardim e admirá-las,
Cuidá-las e inebriar-se de sua essência,
Assim, como deva ser em toda relação sentimental,
Não faz mal se te achares perdido... um louco varrido,
Que te importa se te bateres à porta da infâmia,
Vergonha jamais devas ter, bem sabes, que não cabes ali,
O ouro passa na lama, sem nela, se transformar,
O fogo muda a forma, mas a essência permanece,
Ninguém esquece o que deixou prá trás,
Ninguém é feliz ruminando um passado atroz, ,
Relembrar o melhor de tudo entre nós,
A paz aquece e agasalha a vida no Universo,
A luz, as cores, o som, o mar, o luar são obras divinas,
O amor, o prazer,a alegria do querer também,
Desde que compreendidos e aceitos pelos envolvidos,
Amor verdadeiro não se troca por nada ,
Não há clima nem necessidade quando se ama de verdade,
Seria corresponder-se de igual forma ao objeto provocante,
Infelizmente, há milhares no mundo vítimas dessa cruel condição,
Encenando espetáculos malabarísticos em
busca de um porto seguro,
Em cima do muro, tornando-se mais vulneráveis, ou em baixo...
Com receios de vislumbrarem novos horizontes,
Nada de novo, tudo quase exatamente como antes,
A essência do ser permanece, alimentada pelo senso de liberdade,
Contrariando com proeza novas realidades, indiretamente proporcionais,
Extremar-se ao desejo voraz pela felicidade também ajuda Viver ! Melhor que
sofrer na escuridão pela falta de ilusão !
Quero antes o lirismo dos loucos. O lirismo dos bêbados.
O lirismo difícil e pungente dos bêbados. Não quero saber
do lirismo que não é… ( Manuel Bandeira )
"Loucura ou insânia é uma condição intrínseca da mente humana", revelada através de pensamentos e atitudes considerados anormais pela sociedade. Razão pela qual , qualquer demonstração do ser humano vinculada a essa condição é interpretada pelas demais pessoas, como um mero exercício de loucura , por sinal, facilmente detectado no cotidiano”.
* Percebi no município de Camaragibe, cidade da região metropolitana
situada a poucos quilômetros do Recife, a existência de um rapaz chamado Wilson
Silva ( WS ), perambulando pelo centro da cidade e em regiões adjacentes, numa condição
totalmente desvirtuada do procedimento natural de uma pessoa normal, ou seja,
ele achou de transformar-se num ônibus de transporte coletivo, utilizando-se de
volante de controle de direção, retrovisores, placas de identificação do
veículo, pára-brisa, alavanca de câmbio e uma indumentária típica de motorista
profissional, como : fardamento, documentos, crachá…Resolvi então, conversar um
pouco com ele para melhor compreende-lo. Constatei que existia uma dupla
maneira dele imaginar-se na vida como parte ativa da população. O Wilson da
Silva ( Motorzinho ) é a sua própria empresa,
seu mantenedor, seu gerente, funcionário, sua máquina, seu combustível, enfim,
tudo o que for necessário para manter-se produzindo e satisfazendo
emocionalmente a si. Seu principal instrumento de trabalho é o seu próprio
corpo... Capital humano. Acha-se um
condutor de transporte coletivo e ao mesmo tempo o seu próprio transporte, ou
seja, um ônibus de transporte de
pessoas, obedecendo todas as regras impostas pela sua própria empresa, como:
Fardamento, pontualidade, manutenção e abastecimento do veículo, tudo conduzido
por ele mesmo. Sua
garagem fica situada em sua própria casa, situada na UR-7, também compartilhada
pela sua mãe. Seu itinerário não é fixo,
mudando de acordo com a sua vontade, embora
o ritual diário seja sempre o mesmo. Sai de sua garagem ( casa ) com
fardamento de motorista, boné na cabeça, óculos escuros, duas placas de
veículos respectivamente localizadas, na porção mediana das costas e na mediana
do peito. Nem sempre dotadas da mesma numeração, sob a alegação de mudança de
veículo, para a controvérsia das placas. Segurando um volante e uma alavanca de
câmbio. descendo costumeiramente a ladeira da UR-7, parando nos pontos habituais de passageiros,
ao longo da Av. Eliza Cabral, antiga Rua da Festa, abrindo as portas,
aguardando a subida, fechando as portas, empreendendo marchas, ligando setas,
acelerando ou reduzindo a velocidade, buzinando quando preciso, respeitando
semáforos, galgando a Av. Belmino Correia até atingir o ponto final escolhido
por ele( Terminal de passageiros ). Geralmente, aos finais de semana, sai em
busca das passagens “devidas” pelos
passageiros. Aborda e cobra a qualquer um, pelo valor das passagens , não
havendo valores fixos, nem a obrigatoriedade de fazê-lo. São contribuições para
a manutenção do “veículo” ( ele próprio
) e o abastecimento da semana. É bem recebido pelas pessoas que procuram ajudá-lo e vivenciarem um pouco
desse cenário, digno de merecimentos e elogios.
Sensibilizado pela pesquisa e o conhecimento desse verdadeiro homem e artista, fiz inicialmente uma Poesia em sua Homenagem e em seguida musicalizei-a sob o título de "Expresso da UR-7"
…. Saltitando...Saltitando, lá vai o menino,ônibus passando,
parando, manobrando pelas ruas da cidade,
arrebatando olhares, inserindo-se na paisagem, mudança de imagem,
inversão de rotina
Garantindo seu espaço, controlando com desembaraço a evolução de cada destino;
Aqui e acolá, respeitar é palavra de ordem: Sinais e ultrapassagens perigosas, imagens distorcidas na velocidade empreendida, nada importa;
Exercício de civilidade, andarilho coletivo à porta do porto permitido, rumo ao delírio estonteante do prazer;
A cada passo, abrindo passagem, imprimindo velocidade, reduzindo a força do motor, vociferando ( vum..vum...vum ), funcionando, mantendo a rotação,
Filtro sensitivo da ocasião, debreando na mudança de câmbio, refazendo o equilíbrio da direção, movimento variado, coitado, corpo em chamas, banhos de suor, olhos protegidos pelos óculos, parabrisa dissimulado,
Destino no boné, verdadeiro espetáculo , teatro de rua, sincronia com a alegria sentida;
Emoção nas batidas do coração, muita disposição, chegada ao destino traçado, recomposição...
Hora de retornar, chave na ignição, novamente o motor em ação, passageiros fictícios satisfeitos, o céu escurecendo, faróis de sol se apagando, claridade lentamente se escondendo , crepúsculo da tarde, sensação do dever cumprido,
Retorno refaz a rotina, rumando resvala sobre o plano, pneus de sapatos carecas,
Desalinhados por acidentes já sofridos, a perna então saltita, compensando o desgaste ósseo, o móvel então se equilibra, retorno ao sentido inverso da saída, belo exemplo de vida,
Sorrindo com ela, aquarela da paisagem, sonho e realidade se confundem ,
Extrato de felicidade, materialização, liberdade de sentir, vontade por si satisfeita, acima de qualquer visão, emoção, invade e influencia sua forma de ser...
Aventura, espelho nato, retrato de sua imaginação, multidão de impulsos nervosos em direção as placas motoras da musculação, informação...
Garagem é símbolo do repetir, concentração , reflexão, criação , valeram à pena ? Sim !!!...
Esta é mais uma grande lição, um homem que dedica sua vida , sem ambição, a fazer dela a força motriz, que impulsiona essa dura e quase impossível realidade,
Acreditar na arte e, através dela, construir um caminho, mesmo sozinho, sentindo-se feliz, sem a preocupação material de ter tudo o que se diz chamar-se felicidade…
MOTORZINHO
( música)
(Paulo Carneiro)
Vum...vum...vum...motor vociferando,
Vum...vum...vum...vum...vum...e o coração em alta rotação.
Na rotina da cidade, lá vai ele saltitando,
Pela estrada dirigindo, no seu carro imaginário.
Direção nas mãos rodando,
Na partida acelerando,
Sua vida cheia de emoção,
Silhuetas vão passando,
Passo a passo num cenário,
Desigual...
Vum...vum...vum...vum…vum
Faz de sua vida uma lição,
KGL 2949 WS ,
O expresso da UR-7,
WS o expresso da UR-7
http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/21366
AS
FLORES
AS DO VIGOR ENCANTADOR DA IDADE
AS DA VIDA NA JOVIALIDADE
AS DA SAUDADE E DA POESIA
AS QUE PROVOCAM ALEGRIAS
AS DA BELEZA COMO AS GUEIXAS
AS QUE SE TRANSFORMAM EM FRUTOS
AS QUE EMBELEZAM A VISÃO,
AS DOS JARDINS, AS DO CHÃO,
BOSQUES, LAGOS, MARES,
VASOS, FLORESTAS E POMARES
AS QUE PERFUMAM EM TODOS OS LUGARES
AS QUE FULGURAM NOS ALTARES
AS QUE SE DÃO COMO PRESENTES FINAIS
AS MEDICINAIS, AS COMESTÍVEIS, AS QUE ENFEITAM CASTIÇAIS
AS DOS CAMPOS E DA PAZ, CONDECORANDO AMORES
AS QUE FASCINAM, ILUMINAM, ATRAEM, SUSCITAM PRANTOS
AS QUE INOVAM-SE EM SEMENTES PARA SURGIREM NOVAMENTE
AS QUE RESISTEM AO TEMPO ESPALHANDO IMAGENS AOS VENTOS
AS QUE INEBRIAM O PENSAMENTO
AS QUE GERMINAM NAS FONTES E AQUECEM AS FRONTES AO RECEBEREM-SE
AS FLORES LINDAS QUE A PRAÇA ENCERRA
AS FLORES DA PRIMAVERA
AS FLORES DA PAZ,
DO AMOR, DA ESPERANÇA, AS FLORES COLORIDAS
DE NOSSA TERRA
domingo, 10 de março de 2013
sábado, 9 de março de 2013
R E F A Z E N D O
" QUANDO A CHAMA DA PAIXÃO APAGAR-SE AO VENTO, FIQUE ATENTO! TALVEZ, ESTE SEJA O SINAL PARA VOAR COM ELE, EM BUSCA DE UM NOVO SONHO DE AMOR " ( Paulo Carneiro )
A dor da desilusão transforma demais,
Antes altivo, perspicaz, inteligente, audaz...
Depois, reduz o ser ao quase incapaz,
Solidão na proporção dos copos de bebidas ingeridas,
Tentativa obstinada e desesperada , por uma saída,
Trazendo de volta o normal da vida,
Impiedosamente, derruindo-se por uma despedida,
Desumanamente impigida como punição,
Delírios do coração que não resistiu a tentação,
Submissão aos caprichos e perigos de uma paixão,
Não se dispondo, sequer, a medir a extensão dos martírios,
Conseqüência de uma insidiosa ousadia irracional,
Das noites de insônia, borbulhando lembranças, latejando vontades,
Do olhar preso ao teto diluindo-se em oceanos de saudades,
Interrogação, incompreensão, sentença precoce, piedade...
Por dentro o sofrimento amolda o ser inexoravelmente,
Ser assim, como eu: Carente, carregando consigo uma dor pungente,
Sentado , resignado em voo de primeira classe,
Sem rumo, sem escalas, nem previsão do chegar...
Ressabiado pela dor lascívia e o sofrimento, ali mesmo, no inferno emocional...
Limpando o sangue dos olhos para enxergar novos horizontes,
Esperançoso e confiante em novas possibilidades,
Felicidade como supressão dessa agonia inercial, ato final,
Eis de repente... uma nova luz, retirando-o do passado atroz...Um novo sonho
surgiu...
O sangue fez atalhos no corpo, as idéias lentamente respingaram,
O mundo emitindo uma infinidade de luzes e cores encantadas...
Antes de qualquer noção, o coração se antepondo a tudo, palpita,
enfeitiça e energiza vontades...
Força interior faz festa quando cada partícula do corpo atesta
solenemente, que a felicidade só existe de verdade, no coração dos
capazes de abraçar com toda intensidade, um novo sonho de amor
quinta-feira, 7 de março de 2013
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